18 de ago. de 2009

Isso que é receita!

MOQUECA DE CHICO*

Cumpre, como primeira providencia, arrumar um agdá (panela de barro) grande e dois quilos de peixe, cortados em postas. Este deve ser, de preferência, com escamas e carne branca, a exemplo de robalo, badejo (ou mero) e pescada. Lava-se o peixe com água corrente, retirando os resíduos de vísceras. Em seguida, com limão, bem lavadinho para não deixar murrinha, que pode arruinar o gosto de qualquer moqueca de respeito. Deixa-se o peixe, já duplamente lavado, descansando.
Providencia-se o tempero. Joga-se num liquidificador, ou triturador, a despeito dos puristas: um molhe de coentro lavado e cortadinho, um molhe de cebolinha, idem, dois ou três dentes de alho, um pedaço de gengibre, também cortado em pequenos pedaços. Para não quebrar a máquina e garantir o gosto e a sustança, adiciona-se sal, azeite doce, a gosto, e espreme-se dois ou três limões graúdos e taludos. Bate a zorra toda, resultando num liquido verde, meio pastoso, com cheiro e sabor que, quem sabe, logo vê a distinção.
No fundo do agdá, derrama-se um fio de azeite doce, para evitar grudar. Monta-se uma camada composta de rodelas de tomates (maduro e verde), cebolas (gosto do gosto meio doce da roxa) e pimentão verde. Apos derramar azeite doce e sal nas verduras, essa cama esta pronta para receber o soberano peixe.
Sem frescura, ajeita-se cada posta do marítimo em uma mão espalmada e, com os dedos da outra, besunta-se o tempero em ambos os lados. Feito isso, e bem feito, pois a mão também foi temperada na virilha, deita-se a posta na cama feita no agdá. Repete-se a operação quantas vezes necessárias, com esmero e rigor. Findo o peixe no seu leito, só resta cobri-lo com um cobertor de rodelas dos mesmos tomates, cebolas e pimentões, azeite doce e sal. Quem quiser, puder e tiver fiofó seguro, inclua na panela algumas pimentas, malagueta (perigosa!) ou de cheiro. Deixe algum tempo, o disponível, marinando, para pegar gosto e simpatia. Com a fome chegando, tá na hora de tocar fogo na Babilônia.
O fogo não pode ser alto, mesmo sendo o período longo. Afinal, apressado come cru. Após quarenta minutos, não esqueça do azeite, nesse caso de dendê. Quantidade a gosto, mas sem exagero, para não contaminar tudo com o gosto forte do cor de cobre. Leve à mesa com o agdá fervendo e sai de baixo que lá vai a zorra.
Serve-se com arroz branco e farinha de mandioca branca, que deve ser despejada por cima do caldo, fazendo um pirão in loco. Alternativamente, caso haja pratos de barro em quantidade suficiente, pode-se servir neles com dois dedos de água fervendo, em cima da qual se joga farinha e caldo da moqueca.



* Conta a lenda que, para temperar esse prato, deve-se dormir com a mão na própria virilha, se for mulher, ou na virilha da mulher, se for homem. Para as outras sexualidades não existem recomendações, ainda.

13 de ago. de 2009

Florbela Espanca

Fanatismo

Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!...

Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.

3 de ago. de 2009

Cecília Meirelles

"O Amor...

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"