3 de nov. de 2009

Uma Prova De Amor

Manda que eu faço chover,
pede que eu mando parar,
manda que eu faço de tudo meu amor pra te agradar.

Uma prova de amor ...

Uma prova de amor eu dou se você quiser,
uma prova de amor eu dou se preciso for,
uma prova de amor eu dou quem sabe assim,
você vê todo bem que tem dentro de mim.

Uma prova de amor pra ver sua razão,
aprender a se curvar pro coração.

Faço tudo pra ter você por perto,
faço tudo pra ser merecedor,
eu tiro até água do deserto,
o meu coração está tão certo,
que vai ser o dono desse amor.

Existia um vazio em minha vida,
existia tristeza em meu olhar,
eu era uma folha solta ao vento,
sem vida sem cor sem sentimento,
até seu perfume me alcançar.

Manda que eu faço chover,
pede que eu mando parar,
manda que eu faço de tudo meu amor pra te agradar.

Manda que eu faço chover,
pede que eu mando parar,
manda que eu faço de tudo só pra não te ver chorar.


| Zeca Pagodinho |

14 de out. de 2009

DEFICIÊNCIAS

“DEFICIENTE” é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

“LOUCO” é quem não procura ser feliz com o que possui.

“CEGO” é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

“SURDO” é aquele que não tem tempo de ouvir o desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois esta sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

“MUDO” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

“PARALITICO” é aquele que não consegue andar na direção daqueles que precisam de ajuda.

“DIABETICO” é quem não consegue ser doce.

“ANÃO” é quem não sabe deixar o amor crescer. E finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois;

“MISERÁVEIS” são todos que não conseguem falar com Deus, nem servir a ele.


(Mário Quintana)


(Colaboração: Suzana Matos)

17 de set. de 2009

Verdade!

Verdade

Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!...

Prá ganhar teu amor fiz mandinga
Fui a ginga de um bom capoeira
Dei rasteira na sua emoção
Com o seu coração fiz zueira...

Fui a beira do rio e você
Com uma ceia com pão
Vinho e flor
Uma luz prá guiar sua estrada
A entrega perfeita do amor
Verdade!...

Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!
Como negar essa linda emoção
Que tanto bem fez pro meu coração
E a minha paixão adormecida...

Meu amor, meu amor, incendeia
Nossa cama parece uma teia
Teu olhar uma luz que clareia
Meu caminho tal qual, lua cheia...

Eu nem posso pensar te perder
Ai de mim esse amor terminar
Sem você minha felicidade
Morreria de tanto penar
Verdade!...

Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!
Como negar essa linda emoção
Que tanto bem fez pro meu coração
E a minha paixão adormecida...



Composição: Nelson Rufino / Carlinhos Santana

15 de set. de 2009

Vivendo em Paz

Quem se salva nessa brasa, quem acende um fogo novo
Cruza a crise, colhe a calma
Alegra a alma desse povo
Vive em paz e harmonia
Abre a porta da alegria
Amor, meu amor, minha vida
Meu sonho, meu caso
Te amo, te adoro, contigo eu me caso
Agora aqui fora ou dentro de nós
Na dança, na lança, na tranca
Trocando carícias
Cantando ou calados
Curtindo delícias
Querendo, sabendo, vivendo em paz



Composição: Tuzé de Abreu

1 de set. de 2009

"...corre nas veias o sangue velho dos avós..."

Está aí pessoal!
Para todos que me fazem mil perguntas sobre meus ascendentes, a carta do primo Luiz esclarece um pouco. Como todos vocês sabem, não lembro nem mesmo meu próprio nome. Resolvi deixar essas informações aqui para que leiam e me digam de onde venho. Apesar de que, continuo sendo só Kiki.
Haja informação! Luiz você é incrível!


“Prezados Primos,

Alguns parentes ultimamente vêm dando ênfase ao Aragão, como apelido da família.
Permitam-me, porém, ponderar que o nome principal e nobre da família não é Aragão. É Moniz, tanto como Barreto e Menezes, famílias que descendem de Dom Egas Moniz, pertencente ao clã de Riba Douro e aio do rei Afonso Henriques, fundador do reino de Portugal.
É necessário também saber que, até o século XIX, tanto em Portugal quanto no Brasil, o apelido paterno precedia o materno, como ainda soe ocorrer na Espanha e nos países hipano-americano. Daí que Moniz sempre precede Barro, Menezes e Aragão.
Também não havia registro, apenas certificado de batismo, do qual somente constava o primeiro nome próprio, permitindo que a pessoa posteriormente pudesse adotar e usar qualquer apelido da família, de antepassados, fosse do pai fosse da mãe.
Aragão, que é um toponímico e existem várias família com esse apelido (inclusive a do cômico Renato Aragão) só passou a ser usado pela família a partir da segunda metade do século XVIII, depois de Barreto.
Nosso antepassado, meu quinto-avô, passou a assinar Antônio Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes. Depois, mais tarde, alguns começaram a reduzir para Moniz Barreto de Aragão, Moniz Sodré de Aragão, e daí muitos abreviaram para Moniz de Aragão, apelido muito bonito. Esse Aragão provém de Baltazar de Aragão, que foi capitão-mor da Bahia e ex-governador de Angola, onde era conhecido como “Bangala” e cometia atrocidades com os negros. Morreu em naufrágio combatendo
Com respeito à família Moniz no Brasil, sucintamente, dou-lhes algumas informações e envio-lhes, como anexo, uma árvore genealógica, que ainda precisa de algumas correções.
Vasco Martins Moniz, que passou do Algarve para a ilha da Madeira, houve de Aldonça Cabral vários filhos, entre os quais Diogo Moniz Barreto, que acompanhou Tomé de Souza à Bahia, em 1549, e foi o primeiro alcaide-mor de Salvador, e do 3° casamento, com Joana Teixeira, filha de Lançarote Teixeira, nasceram outros, entre os quais, Egas Moniz Barreto, que passou para a Bahia, em 1563, e recebeu do governador Mem de Sá uma sesmaria na Ilha dos Franceses.

Egas Moniz Barreto faleceu em 4 de novembro de 1582. Este é o tronco da família e houve de Ana Soares os seguintes filhos:

1. Duarte Moniz Barreto, nascido em Machico e casado com Helena de Melo e Vasconcellos, foi o segundo alcaide-mor de Salvador, função que herdou do seu tio Diogo Moniz Barreto. Faleceu em 10 de janeiro de 1618, c.g.
2. Henrique ou Anrique Moniz Barreto, casado a primeira vez com Luiza Soares e a segunda, com Leonor Antunes, cristã-nova, tendo sucessão de ambos os matrimônios. Mas, se há descendentes diretos, não se sabe.
3. Inês Moniz barreto, casada com Diogo da Rocha Sá, tendo sucessão.
4. Jerônimo Moniz Barreto, casado com Mécia Lobo de Mendonça..
5. Diogo Moniz Barreto, que também nasceu na ilha de Machico e faleceu solteiro em Salvador.
Do casamento de Jerônimo Moniz Barreto, o quarto gênito, com Mécia Lobo de Mendonça é que provém à numerosa família Moniz que se desenvolveu na Bahie e se espalhou pelo Brasil.
Jerônimo Moniz Barreto e Mécia Lobo de Mendonça foram os pais de
Egas Moniz Barreto, casado com Águeda de Lemos Palha, pais de
Francisco Moniz Barreto, casado com Isabel de Aragão de Sousa, pais de
Egas Moniz Barreto de Menezes, casado Inês Tereza Barbalho Bezerra, pais de
Antônio Ferreira de Sousa (teve o nome do avô materno), casado com sua prima Isabel Moniz Barreto de Menezes, pais de
Egas Carlos de Sousa Moniz Barreto de Menezes, casado com Maria Francisca de Aragão e Menezes (também da família Moniz), pais de
Antônio Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes casado com Francisca Zeferina Teodora Coelho Ferreira do Vale Faria , pais de
1. Antônio Moniz de Sousa Barreto de Aragão (1784-1812), casado com Ana Joaquina dos Prazeres Bandeira e falecido em 1860, sem sucessão.
2. José Joaquim Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes, Barão de Itapororoca (1785-1834), casado com Josefa Joaquina Gomes Ferrão de de Castelo Branco.
3. Salvador Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes, Barão de Paraguaçu (1789-1865), casado com Teresa Clara do Nascimento Vianna, gêmeo de
4. Manuel Inácio Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes (1789-1865), casado com Francisca de Assis Vianna, pais de Francisca de Assis Vianna Moniz Barreto de Aragão de Aragão (Francisca de Assis Vianna Moniz Bandeira ao casar com seu primo materno Custódio Ferreira de Vianna Bandeira), Baronesa de Alenquer (1824-1897).
5. Maria Luiza Moniz Barreto de Aragão (1791-1820), casada com José Rodrigues de Figueiredo, do qual houve um único filho, falecido solteiro.
A varonia de Jerônimo Moniz Barreto, filho de Egas Moniz Barreto, “homem bom” de Machico, fidalgo da Casa Real, existe até hoje. Dele é que descendem os Moniz Barreto de Aragão, Moniz de Aragão, Moniz Sodré, Moniz Bandeira, Moniz Vianna, todos primos, através de sucessivo casamentos endogâmicos, entre filhos e filhas de seis ou sete famílias (Bandeira, Bulcão, Vicente Vianna, Pires de Carvalho e Albuquerque, Sodré, Argollo), proprietárias de vários engenhos no Recôncavo da Bahia.
Existe ainda a varonia de Otaviano Moniz Barreto, descendente de Francisco Moniz Barreto, que passou para a Bahia em 1679 e se casou com Isabel Barreto de Menezes, filha de Jerônimo Moniz Barreto, do ramo que já se encontrava na Bahia desde o século XVI, e de Tereza Ferreira de Sousa. Desse ramo descenderam o Brigadeiro Domingos Alves Branco Moniz Barreto e Joaquim Francisco Alves Branco Moniz Barreto, proprietário do Correio Mercantil, cujo filho, Jarbas, passou para a Argentina, com o cunhado, o Ministro Plenipotenciário Francisco Otaviano de Almeida Rosa, e lá se casou, dando origem a um ramo que espanholizou o nome e se assina Muñiz Barreto.
Sou descendente três vezes do Barão de Itapororoca, José Joaquim Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes: duas pelo lado de meu pai e uma, pelo lado de minha mãe. Descendo também do seu irmão Manuel Inácio Moniz Barreto de Aragão de Sousa e Menezes, pai da Baronesa de Alenquer, Francisca de Assis Vianna Moniz Barreto de Aragão (Francisca de Assis Vianna Moniz Bandeira depois de casar seu primo materno Custódio Ferreira de Vianna Bandeira), minha trisavô paterna e cujo apelido eu mantenho.

Com um abraço, Luiz Alberto”


Prof. Dr. Dr. h. c. Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira

18 de ago. de 2009

Isso que é receita!

MOQUECA DE CHICO*

Cumpre, como primeira providencia, arrumar um agdá (panela de barro) grande e dois quilos de peixe, cortados em postas. Este deve ser, de preferência, com escamas e carne branca, a exemplo de robalo, badejo (ou mero) e pescada. Lava-se o peixe com água corrente, retirando os resíduos de vísceras. Em seguida, com limão, bem lavadinho para não deixar murrinha, que pode arruinar o gosto de qualquer moqueca de respeito. Deixa-se o peixe, já duplamente lavado, descansando.
Providencia-se o tempero. Joga-se num liquidificador, ou triturador, a despeito dos puristas: um molhe de coentro lavado e cortadinho, um molhe de cebolinha, idem, dois ou três dentes de alho, um pedaço de gengibre, também cortado em pequenos pedaços. Para não quebrar a máquina e garantir o gosto e a sustança, adiciona-se sal, azeite doce, a gosto, e espreme-se dois ou três limões graúdos e taludos. Bate a zorra toda, resultando num liquido verde, meio pastoso, com cheiro e sabor que, quem sabe, logo vê a distinção.
No fundo do agdá, derrama-se um fio de azeite doce, para evitar grudar. Monta-se uma camada composta de rodelas de tomates (maduro e verde), cebolas (gosto do gosto meio doce da roxa) e pimentão verde. Apos derramar azeite doce e sal nas verduras, essa cama esta pronta para receber o soberano peixe.
Sem frescura, ajeita-se cada posta do marítimo em uma mão espalmada e, com os dedos da outra, besunta-se o tempero em ambos os lados. Feito isso, e bem feito, pois a mão também foi temperada na virilha, deita-se a posta na cama feita no agdá. Repete-se a operação quantas vezes necessárias, com esmero e rigor. Findo o peixe no seu leito, só resta cobri-lo com um cobertor de rodelas dos mesmos tomates, cebolas e pimentões, azeite doce e sal. Quem quiser, puder e tiver fiofó seguro, inclua na panela algumas pimentas, malagueta (perigosa!) ou de cheiro. Deixe algum tempo, o disponível, marinando, para pegar gosto e simpatia. Com a fome chegando, tá na hora de tocar fogo na Babilônia.
O fogo não pode ser alto, mesmo sendo o período longo. Afinal, apressado come cru. Após quarenta minutos, não esqueça do azeite, nesse caso de dendê. Quantidade a gosto, mas sem exagero, para não contaminar tudo com o gosto forte do cor de cobre. Leve à mesa com o agdá fervendo e sai de baixo que lá vai a zorra.
Serve-se com arroz branco e farinha de mandioca branca, que deve ser despejada por cima do caldo, fazendo um pirão in loco. Alternativamente, caso haja pratos de barro em quantidade suficiente, pode-se servir neles com dois dedos de água fervendo, em cima da qual se joga farinha e caldo da moqueca.



* Conta a lenda que, para temperar esse prato, deve-se dormir com a mão na própria virilha, se for mulher, ou na virilha da mulher, se for homem. Para as outras sexualidades não existem recomendações, ainda.

13 de ago. de 2009

Florbela Espanca

Fanatismo

Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!...

Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.

3 de ago. de 2009

Cecília Meirelles

"O Amor...

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"

23 de jul. de 2009

22 de jul. de 2009

Kiki

Kiki menininha moderna
cheia da erva
não dava perceber

Era um encanto
era toda primavera
e corria sem espera
para o mundo conhecer

Kiki mulher sensacional
Kiki tradicional
era demais

Cruzava a perna na hora certa
sorria sem boquinha aberta
olhava sempre na hora certa
pra certo tipo de rapaz

Mas um dia numa reunião,
a Kikizinha sem querer se machucou

Falou mais alto o feminino coração
Ficou parada na do homem que olhou

E foi correndo e logo se apresentou
-Eu sou Kiki e seu nome como é?

E o cara deu-lhe aquela esnobação
Vá se mandando com esse nome não da pé
não dá pé


Kiki se retirou humilhada
ficou tão zangada
que chegou a chorar

Mas um bicão explicou
Bicão explicou
o segredo que havia

Se ela dissesse o sobrenome
ele logo lhe queria


Kiki demais, Kiki mulher virou vingança
Kiki criança virou sofisticação
Parou a dança
e na frente dos presentes
em tom alto e onipotente
fez sua apresentação

Eu sou Kiki mas esqueci de dizer alguma coisinha mais
Eu sou a neta do Marquês de Idolaiêr, reais sãos os meus ascentrais
Eu sou Kiki mas esqueci de dizer alguma coisinha mais
Eu sou Kiki da lavoura, da lavoura de Minas Gerais




Agradecimento especial a meu amor que conseguiu a letra e a música e a André que sabia da existência.

14 de jul. de 2009

Afinal

Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.

Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d'Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.

Sursum corda! Erguei as almas! Toda a Matéria é Espírito,

Porque Matéria e Espírito são apenas nomes confusos
Dados à grande sombra que ensopa o Exterior em sonho
E funde em Noite e Mistério o Universo Excessivo!
Sursum corda! Na noite acordo, o silêncio é grande,
As coisas, de braços cruzados sobre o peito, reparam

Com uma tristeza nobre para os meus olhos abertos
Que as vê como vagos vultos noturnos na noite negra.
Sursum corda! Acordo na noite e sinto-me diverso.
Todo o Mundo com a sua forma visível do costume
Jaz no fundo dum poço e faz um ruído confuso,

Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça.

Sursum corda! ó Terra, jardim suspenso, berço
Que embala a Alma dispersa da humanidade sucessiva!
Mãe verde e florida todos os anos recente,
Todos os anos vernal, estival, outonal, hiemal,
Todos os anos celebrando às mancheias as festas de Adônis
Num rito anterior a todas as significações,
Num grande culto em tumulto pelas montanhas e os vales!
Grande coração pulsando no peito nu dos vulcões,
Grande voz acordando em cataratas e mares,
Grande bacante ébria do Movimento e da Mudança,
Em cio de vegetação e florescência rompendo
Teu próprio corpo de terra e rochas, teu corpo submisso
A tua própria vontade transtornadora e eterna!
Mãe carinhosa e unânime dos ventos, dos mares, dos prados,
Vertiginosa mãe dos vendavais e ciclones,
Mãe caprichosa que faz vegetar e secar,
Que perturba as próprias estações e confunde
Num beijo imaterial os sóis e as chuvas e os ventos!

Sursum corda! Reparo para ti e todo eu sou um hino!
Tudo em mim como um satélite da tua dinâmica intima
Volteia serpenteando, ficando como um anel
Nevoento, de sensações reminescidas e vagas,
Em torno ao teu vulto interno, túrgido e fervoroso.
Ocupa de toda a tua força e de todo o teu poder quente
Meu coração a ti aberto!
Como uma espada traspassando meu ser erguido e extático,
Intersecciona com meu sangue, com a minha pele e os meus nervos,
Teu movimento contínuo, contíguo a ti própria sempre,

Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço,
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, não partam meu corpo,
Não me arremessem, como uma bomba de Espírito que estoira
Em sangue e carne e alma espiritualizados para entre as estrelas,
Para além dos sóis de outros sistemas e dos astros remotos.

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais.

Sou uma chama ascendendo, mas ascendo para baixo e para cima,
Ascendo para todos os lados ao mesmo tempo, sou um globo
De chamas explosivas buscando Deus e queimando
A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica,
A minha inteligência limitadora e gelada.

Sou uma grande máquina movida por grandes correias
De que só vejo a parte que pega nos meus tambores,
O resto vai para além dos astros, passa para além dos sóis,
E nunca parece chegar ao tambor donde parte ...

Meu corpo é um centro dum volante estupendo e infinito
Em marcha sempre vertiginosamente em torno de si,
Cruzando-se em todas as direções com outros volantes,
Que se entrepenetram e misturam, porque isto não é no espaço
Mas não sei onde espacial de uma outra maneira-Deus.

Dentro de mim estão presos e atados ao chao
Todos os movimentos que compõem o universo,
A fúria minuciosa e dos átomos,
A fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
A espuma furiosa de todos os rios, que se precipitam,

A chuva com pedras atiradas de catapultas
De enormes exércitos de anões escondidos no céu.

Sou um formidável dinamismo obrigado ao equilíbrio
De estar dentro do meu corpo, de não transbordar da minh'alma.
Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
Freme, treme, espuma, venta, viola, explode,
Perde-te, transcende-te, circunda-te, vive-te, rompe e foge,
Sê com todo o meu corpo todo o universo e a vida,
Arde com todo o meu ser todos os lumes e luzes,
Risca com toda a minha alma todos os relâmpagos e fogos,
Sobrevive-me em minha vida em todas as direções!


(Na Pessoa de Álvaro de Campos)

A Criança Que Pensa Em Fadas

A CRIANÇA que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.


Fernando Pessoa

27 de jun. de 2009

4 ELEMENTOS - C.

Elevo-me ao mais alto
Acima dos céus, muito acima
Onde há somente AR e silêncio
E grito seu nome

Penetro na TERRA
No denso, desço além
Até o mais profundo e escuro
Contenho meu coração
E grito seu nome

Lanço-me nos rios e oceanos
Envolvo-me no movimento
Misturo minhas saliva as ÁGUAS
E grito seu nome

Consumo-me no FOGO
Labaredas ardentes
Queimo meu corpo de desejo e paixão
E grito seu nome

16 de jun. de 2009

Clarice Lispector

"Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre."

Egas Moniz

A lua é sua. A saudade é nossa.
E a estrêla, imóvel, é você.
Eu, fito a estrêla.
E a estrêla me dita.
Isto não me basta, mas me salva,
todos os dias, de nós...

31 de mai. de 2009

Passagem das Horas

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(...)
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
(...)
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
(...)
Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
Estou no caminho de todos e esbarram comigo.
(...)
Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
(...)
Não sei sentir, não sei ser humano, conviver
De dentro da alma triste com os homens meus irmãos na terra.
Não sei ser útil mesmo sentindo, ser prático, ser quotidiano, nítido,
Ter um lugar na vida, ter um destino entre os homens,
Ter uma obra, uma força, uma vontade, uma horta,
Uma razão para descansar, uma necessidade de me distrair,
Uma coisa vinda diretamente da natureza para mim.
(...)
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender (...).
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
(...)
Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.
(...)


Álvaro de Campos (Pessoa)

6 de abr. de 2009

É PROIBIDO FUMAR!!!!

Mensagens sem respostas? "Maus tratos"? "Abandono"? "Grosserias" gratuitas?

“Ixe”!! Está parecendo aquelas reportagens “de 3ª” daqueles programas “de 4ª”!!!! hehehe

O fato é que estou realmente sem falar com ninguém!!
Infelizmente, é assim mesmo, sempre que paro de fumar, na primeira semana é bem punk!
A tolerância que já não é lá essas coisas está muito abaixo de zero!
Portanto, não é nada pessoal, não estou chateada, não estou arrasada, não estou nada! (quer dizer, até estou, mas não seria motivo para tamanho drama).
Estou bem, I Will Survive!!! E buscando está melhor.

“(...)me cansei de lero-lero, da licença mais eu vou sair do sério, quero mais saúde, me cansei de escutar opiniões de como ter um mundo melhor, mas enquanto estou viva cheia de graça(...)”

Para os “vida saudável” e “diurnos”; vou tentar retornar aos poucos meus costumes de acordar antes do sol, ir a praia e ao rio pela manhã, voltar a andar de bicicleta, fazer umas trilhas, nadar um pouco, voltar a correr (bom, isso se o joelho agüentar!) – aahhhh!!! Falando em joelho, quem está com minha joelheira articulada????!!

Para os “sedentários” e “baladeiros”; acho que me afastarei das noites por um bom tempo, com exceção dos shows dos “Mizeravão” (daquele pessoal que já comentei com vários de vocês, e que vale a pena conferir!), fora isso, programas noturnos estou fora! Ah, se bem que se houver algum conserto de música clássica no TCA, estou aberta a convites.

Para os “bons de garfo”; Help me!!! Please!!!! Preciso engordar 4 quilos. Mas, lembrem-se de meu fígado depois das 2 hepatites! Não rola aquelas dietas com gordura, certo?!

Verduras e frutas?! Essa é minha área, mas não engorda nada...

Massa?! Estou dentro!

Frutos do mar?! Muito dentro!

Comidas mexicanas, bolivianas, japonesas, chinesas, tailandesas... Super dentro, mas $uper fora! Se é que me entendem...

Guloseimas? Só salgados, com exceção de chocolate, é claro!

Ai......... como estou precisando de um chocolatinho agora! Sniff! Sniff!

Bom, antes de começar a quebrar as teclas do computador, me despeço de todos.

Amo vocês!


C.

30 de mar. de 2009

Ufa!!

Se não bastasse a vida louca que me leva de um lado para o outro, com idéias e execuções das mais diversas áreas, caiu nas minhas mãos, um trabalho de edição do Informativo do Loteamento que “me escondo”. Retificando, edição e parte da redação. Ai, ai, ai... O que será? Que será??? O lançamento da 1ª edição está previsto para maio. Donde se conclui que, estarei louca com tanto trabalho!! Jardim, ateliê (a zona), encomendas, informativo, mais o cargo de secretária desta associação, mais cargo de mãe, de filha, de mulher...... Ufa!! Já viu, né?! Eu, só amanhã!!! hehehe
Quando obtiver a data do lançamento, colocarei aqui.
Nada mais havendo a acrescentar, fico por aqui!

“Por hoje é só pessoal”!!

27 de mar. de 2009

Deixando para trás as trevas da caverna....

Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo o que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que vêem são a única coisa que existe.

Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.

Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.


(Extraído do livro, O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder - Capítulo 9 - Platão - Alegoria da Caverna)

25 de mar. de 2009

Aposto

Aposto no que vai
tangido pela correnteza,
e sem mais certeza.
Não chegará mais depressa,
mas não chegará tarde.
Aposto em suas mãos, em
sua ausência de vontade:
seus pés não chegarão cedo,
mas seu coração não chegará tarde.

(Noite contra Noite - Telmo Padilha)

Finale

Quando tudo for silêncio
eu ouvirei todos os ruídos.

Quando nada mais restar
encontrarás em mim o lugar.

Quando a noite vier
definitiva sobre seus olhos

eu estarei à tua espera
no caminho, e te levarei comigo.

(Noite contra Noite - Telmo Padilha)

Não te culpo

Não te culpo
se ainda desconheces
o que sobre ti tenho escrito:
também eu ainda ignoro o segredo
das grandes tragédias.
Equiparamo-nos a partir
da mesma comédia.
Mas se disso estou certo,
também é certo que um dia
nos descobriremos,
e juntos nos leremos
em silêncio e respeitosamente.


(Noite contra Noite - Telmo Padilha)

22 de mar. de 2009

E por falar em saudade...

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio da noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você.


Vinícius de Moraes

21 de mar. de 2009

Cré com Dé!!!!

Estava eu, aqui com os meus botões, pensando e sentindo o tempo...

Há anos, trabalho com minha amiga, a enxada. E, me perguntei; "a enxada está mais pesada, ou estou ficando velha?"

Cá entre nós, a enxada não engorda.

Velha? Eu? Ridículo! É, é ridículo, mas nem tanto.

O sol está mais forte, o corpo sente de um dia para o outro a leve mudança do tempo. Me dei conta (mais uma vez) de que a velhice não se trata somente da idade, mas com o que fazemos com nosso corpo (sem contar a mente).

Xiiiii.... cigarro nos pulmões, quilos e quilos que desaparecem a cada mês, a água que já não é mais a mesma (puro cloro! Écaaa!!), a tênue camada de ozônio (ainda existe isso?) que transforma o belo e velho sol em inimigo mortal...

Meus joelhos (ainda os tenho!) pós Jiu-Jitsu já quase não me agüentam; minhas costas, ai, ai, ai, cultivando plantinhas, arrastando pesos 2, 3, 4 vezes mais pesados do que eu (um dia tenho que me conscientizar de que não sou a Formiga Atômica!), também não está lá essas coisas...; dedos quebrados; ligamentos “desligados”, pele torrada pelo sol causticante...

Ufff! Entrei na fase do “Condor” antes do tempo. Que saco!

Porque utilizamos toda a vitalidade que temos de uma só vez?

Dos 15 aos 30, só de mudanças que fiz! (19!!)...

Arrumei, desarrumei, empacotei, carreguei, descarreguei....

Terrenos, hortas, jardins, plantações e mais plantações...

Construções, demolições, telhas, tijolos, madeiras, pedras...

Fogueiras, lenhas, fogões de lenha...

Decorações, instalações elétricas, encanações (ihiiiiiiii, nem quero lembrar!)...

Será que não canso não???? Hum, como canso! E só estou citando aqui trabalhos braçais pessoais!!

Se todo esse trabalho se concentrasse em um lugar, teria um castelo! Será que tenho ascendentes egípcios??

Agora entendo porque a estimativa de vida antigamente (coloque dígitos neste antigamente!), eram tão baixas... Mesmo estando em pleno século XXI, com milhões de fórmulas (drogas, cirurgias...) para nos parecermos e sentirmos mais jovens, ou somente conservar a idade, a natureza vem com tudo e nos põe no nosso devido e insignificante lugar! Arranque metade do pulmão, se encha de protetor solar, faça quimioterapia, pinte os cabelos, opere os ligamentos, durma em colchão ortopédico, se alimente melhor, tome pílulas (fortificantes, vitaminas, fibras, óleos, beta bloqueadores, pílulas para hipertensão, gotinhas, bolinhas...), mude seu coração... nem adianta!

Alguma forma a natureza há de encontrar para parar essa louca e desmedida “vitalidade”!

Pensem aí! Se o mundo não estivesse desorientado (entendam como mundo, minha “cabeça”, nossa “cabeça”, o sistema...), se não tivéssemos tantos planos, metas, desejos... Vontade de ter, de ser, o que nem temos idéia, acho que viveríamos e envelheceríamos de forma mais digna....

Voltando ao meu “castelo”, com tanto trabalho, talvez não teria um castelo, mas teria uma super-casa, com grandes plantações, com cerca, encanação e tudo nos “trinques!” quiçá uma bela e produtiva fazenda, e estaria na idade de ficar em casa só dando assistência a essas criações e produções todas...

Sim, sei que é um exemplo pessoal, mas de certa forma serve para todos.

Como?

Calcule o tanto de páginas que já escreveu e digitou na vida.

Pense quantas vezes se mudou. Quantas vezes pintou paredes, quadros, desenhos..., cantou, ninou... quebrou, consertou, falou, ou sei lá que “ou”....

É, aqui é onde quero chegar. Com tantos objetivos capitalistas, ou não, consumistas ou não, amorosos ou não, egoístas ou não... Objetivos de forma geral... Se nascêssemos com um único objetivo, conquistaríamos ele (o objetivo) com mais ou menos 30 anos, e viveríamos o resto do tempo mantendo o já conquistado.

Assim sendo, em vez de estar aqui com a enxada em punho, estaria eu curtindo um belo jardim e só molhando minhas plantinhas (trabalho ligth!), e não ficaria me questionando se a porcaria (com o devido perdão da palavra) da minha enxada está mais pesada ou se eu estou ficando velha!

C.

14 de fev. de 2009

hehehe...


...desenho meu, quando tinha 4 anos...

Cama E Mesa

Eu quero ser sua canção
Eu quero ser seu tom
Me esfregar na sua boca
Ser o seu batom...

O sabonete que te alisa
Embaixo do chuveiro
A toalha que desliza
No seu corpo inteiro...

Eu quero ser seu travesseiro
E ter a noite inteira
Pra te beijar durante
O tempo que você dormir
Eu quero ser o sol que entra
No seu quarto adentro
Te acordar devagarinho
Te fazer sorrir...

Quero estar na maciez
Do toque dos seus dedos
E entrar na intimidade
Desses seus segredos
Quero ser a coisa boa
Liberada ou proibida
Tudo em sua vida...

Eu quero que você me dê
O que você quiser
Quero te dar tudo
Que um homem dá
Pra uma mulher
E além de todo esse carinho
Que você me faz
Fico imaginando coisas
Quero sempre mais...

Você é o doce
Que eu mais gosto
Meu café completo
A bebida preferida
O prato predileto
Eu como e bebo do melhor
E não tenho hora certa
De manhã, de tarde
À noite, não faço dieta...

Esse amor que alimenta
Minha fantasia
É meu sonho, minha festa
É minha alegria
A comida mais gostosa
O perfume e a bebida
Tudo em minha vida...

Todo homem que sabe o que quer
Sabe dar e querer da mulher
O melhor e fazer desse amor
O que come, o que bebe
O que dá e recebe...

Mas o homem que sabe o que quer
E se apaixona por uma mulher
Ele faz desse amor sua vida
A comida, a bebida
Na justa medida...


(Roberto Carlos - Erasmo Carlos)

4 de fev. de 2009

Fifis!!!



Niver da filhota mais linda do mundo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Texto de Karla Bardanza

"Hoje acordei... Meu bebê que ainda ontem tinha 3.900 kg e 49 cm está da minha altura!
Minha filha cresceu! Está na puberdade... Não é mais uma criança, mas está longe de ser ainda uma mulher.A natureza já deu o seu retoque final e os mistérios são poucos... Meu coração pulou definitivamente para o lado de fora do meu peito.Ou talvez tenha abandonado-me de vez para morar dentro de minha filha.

Olho para o meu bebê-menina-mulher e fico tentando adivinhar o futuro. Ela diz que quer ser arquiteta, policial, advogada, modelo...Ela tem um milhão de sonhos e eu, um milhão de dúvidas. Às vezes fico a devanear: ”Será que ela vai casar?”, ”Quando vai arrumar o primeiro namorado?”, ”Qual será o primeiro emprego?”, ”Será que vai continuar como é?”... São tantos questionamentos... Medos... Receios... Quero tanto que ela seja um ser humano, realmente, HUMANO. Está é minha missão, minha responsabilidade maior...Minha filha é minha melhor poesia, meu mais belo jasmim... É tudo que desejei, que esperei e acalentei.

Ela sofre, fico tão pequena sofrendo junto, ela sorri, minha alma alça vôo. Nunca pensei que amar um filho doesse tanto... Sofro quando ela sofre, morro se ela fracassa, e tudo dói porque ela é minha alma, minha continuação. Dói porque nenhum outro laço é tão maior do que esse, porque ela é minha vida e o meu ar. Antes achava o amor tão simples em seus mistérios, mas depois que ela nasceu, comecei a entender que o amor é um milagre. E não há milagre maior do que gerar um ser, do que ser co-criadora de uma vida.

Olho para ela e entendo que não estou aqui a passeio. Sim, entendo tantas coisas que antes eram sem significado. É, minha filha está crescendo e eu junto com ela. O tempo passou rápido... Às vezes, quando sentamos nós três no sofá: eu entre minha mãe e minha filha sinto que estou entre meu início e o meu fim...Ó Deus...Que beleza! Equilíbrio perfeito, no meu peito essa inabalada verdade: estou em minha filha como minha mãe está em mim. Isso é a vida... Aqui é onde está plantado o meu jardim."

4 de jan. de 2009

33??!! ai, ai, ai....

Quando

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

Pessoa (Álvaro de Campos)