Estava eu, aqui com os meus botões, pensando e sentindo o tempo...
Há anos, trabalho com minha amiga, a enxada. E, me perguntei; "a enxada está mais pesada, ou estou ficando velha?"
Cá entre nós, a enxada não engorda.
Velha? Eu? Ridículo! É, é ridículo, mas nem tanto.
O sol está mais forte, o corpo sente de um dia para o outro a leve mudança do tempo. Me dei conta (mais uma vez) de que a velhice não se trata somente da idade, mas com o que fazemos com nosso corpo (sem contar a mente).
Xiiiii.... cigarro nos pulmões, quilos e quilos que desaparecem a cada mês, a água que já não é mais a mesma (puro cloro! Écaaa!!), a tênue camada de ozônio (ainda existe isso?) que transforma o belo e velho sol em inimigo mortal...
Meus joelhos (ainda os tenho!) pós Jiu-Jitsu já quase não me agüentam; minhas costas, ai, ai, ai, cultivando plantinhas, arrastando pesos 2, 3, 4 vezes mais pesados do que eu (um dia tenho que me conscientizar de que não sou a Formiga Atômica!), também não está lá essas coisas...; dedos quebrados; ligamentos “desligados”, pele torrada pelo sol causticante...
Ufff! Entrei na fase do “Condor” antes do tempo. Que saco!
Porque utilizamos toda a vitalidade que temos de uma só vez?
Dos 15 aos 30, só de mudanças que fiz! (19!!)...
Arrumei, desarrumei, empacotei, carreguei, descarreguei....
Terrenos, hortas, jardins, plantações e mais plantações...
Construções, demolições, telhas, tijolos, madeiras, pedras...
Fogueiras, lenhas, fogões de lenha...
Decorações, instalações elétricas, encanações (ihiiiiiiii, nem quero lembrar!)...
Será que não canso não???? Hum, como canso! E só estou citando aqui trabalhos braçais pessoais!!
Se todo esse trabalho se concentrasse em um lugar, teria um castelo! Será que tenho ascendentes egípcios??
Agora entendo porque a estimativa de vida antigamente (coloque dígitos neste antigamente!), eram tão baixas... Mesmo estando em pleno século XXI, com milhões de fórmulas (drogas, cirurgias...) para nos parecermos e sentirmos mais jovens, ou somente conservar a idade, a natureza vem com tudo e nos põe no nosso devido e insignificante lugar! Arranque metade do pulmão, se encha de protetor solar, faça quimioterapia, pinte os cabelos, opere os ligamentos, durma em colchão ortopédico, se alimente melhor, tome pílulas (fortificantes, vitaminas, fibras, óleos, beta bloqueadores, pílulas para hipertensão, gotinhas, bolinhas...), mude seu coração... nem adianta!
Alguma forma a natureza há de encontrar para parar essa louca e desmedida “vitalidade”!
Pensem aí! Se o mundo não estivesse desorientado (entendam como mundo, minha “cabeça”, nossa “cabeça”, o sistema...), se não tivéssemos tantos planos, metas, desejos... Vontade de ter, de ser, o que nem temos idéia, acho que viveríamos e envelheceríamos de forma mais digna....
Voltando ao meu “castelo”, com tanto trabalho, talvez não teria um castelo, mas teria uma super-casa, com grandes plantações, com cerca, encanação e tudo nos “trinques!” quiçá uma bela e produtiva fazenda, e estaria na idade de ficar em casa só dando assistência a essas criações e produções todas...
Sim, sei que é um exemplo pessoal, mas de certa forma serve para todos.
Como?
Calcule o tanto de páginas que já escreveu e digitou na vida.
Pense quantas vezes se mudou. Quantas vezes pintou paredes, quadros, desenhos..., cantou, ninou... quebrou, consertou, falou, ou sei lá que “ou”....
É, aqui é onde quero chegar. Com tantos objetivos capitalistas, ou não, consumistas ou não, amorosos ou não, egoístas ou não... Objetivos de forma geral... Se nascêssemos com um único objetivo, conquistaríamos ele (o objetivo) com mais ou menos 30 anos, e viveríamos o resto do tempo mantendo o já conquistado.
Assim sendo, em vez de estar aqui com a enxada em punho, estaria eu curtindo um belo jardim e só molhando minhas plantinhas (trabalho ligth!), e não ficaria me questionando se a porcaria (com o devido perdão da palavra) da minha enxada está mais pesada ou se eu estou ficando velha!
C.
21 de mar. de 2009
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