31 de ago. de 2008

30 de ago. de 2008

Mário Quintana

CANÇAO DO AMOR IMPREVISTO

Eu sou um homem fechado,
O mundo me tornou egoista e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com tua boca fresca de madrugada,
Com teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender nada,
numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil. Aonde viessem pousar os passarinhos!

29 de ago. de 2008

C.

Sinto saudade de quem poderia ser.
Saudade dos amores que não tive, dos lugares que não morei, dos amigos que não cultivei.
Vivo com uma saudade de tudo o que não fiz.
Não sinto falta de nada que vivi. O que vivi foi intenso, e de certa forma está em mim.
Sinto falta de ler o que não escrevi, de repensar o que não pensei.
Meu passado é um como um sonho de outra pessoa.
Meu presente é só esse instante, e que já se passou.
Meu futuro será magnânimo, mas repleto de saudades do que o Tempo não me permite ser.

28 de ago. de 2008

Saudação a Oxossi

Eu vi chover, eu vi relampear
Mas mesmo assim o céu estava azul
Tambor e pemba, folhas de jurema
Oxossi reina de norte a su

27 de ago. de 2008

Lenda

"Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio. O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? - perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa, perguntou também:
- E onde estão os seus...?
- Os meus?! - surpreendeu-se o turista - Mas eu estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.
"A vida na Terra é somente uma passagem...No entanto, alguns vivem como e fossem ficar aqui eternamente, ficam pensando só em ter coisas... e esquecem de ser feliz."

26 de ago. de 2008

25 de ago. de 2008

Carlos Drummond de Andrade

VIVER NÃO DÓI

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade..

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

24 de ago. de 2008

Maninha

Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar...


(Chico Buarque)

19 de ago. de 2008

Florbela Espanca


"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!"

17 de ago. de 2008

Rango!

...Dostoievski...

“Decididamente não compreendo por que é mais glorioso bombardear de projéteis uma cidade do que assassinar alguém a machadadas.”

15 de ago. de 2008

João Guimarães Rosa (Grandes Sertões Vereda)




“De homem que não possui poder nenhum, dinheiro nenhum, o Sr. tenha todo medo. Convém ao Sr. não entrar no meio de pessoas muito diferentes do Sr., porque mesmo, que maldade própria não tenham, elas estão fechadas no costume de si. O Sr. é de extremos. No sutil o Sr. sofre perigos.”

13 de ago. de 2008





"Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não lêem."
( Mário Quintana )

5 de ago. de 2008



desenho de Zene

Cecília...

“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.”

" Há várias maneiras de ser entendido: ser claro é uma delas."

Jean!!